Observar...

Quem me vê a caminhar não imagina quem sou e nem o que pretendo.
Caminho sem destino, a observar o sereno.
Um garoto me olha como se tivesse entendendo meu olhar atento.
Vejo pessoas a caminhar, mendigos a me observar com um olhar solitário.
Sinto uma lágrima rolar em minha face e me pergunto o que acontece. E isso tudo acontecendo é o que me aborrece.
Pessoas de faces tristes me cercam; talvez por depressão, fome, um dia difícil... não sei, tudo tem o seu porém...
Então me vejo ali, parada, a observá-las em meio a confusão. Um garoto grita "você não é meu pai não!" Em um outro canto escuto um homem a cantarolar de bem com a vida... Algo que não consigo explicar...
A mãe do garoto que disse "você não é meu pai não", lança um olhar brabo sobre o filho pequeno e seu suposto pai lhe dá um tapa na boca, o que faz com que o pobre menino comece a chorar com sentimento, algo que me engasga e quase não consigo relatar este momento.
Ao olhar da platéia, fico revoltada. Que tipo de educação é essa? Violência contra uma criança de 2 anos, isso é o que chamam de educação?!. E o que me resta diante desta situação é apenas lamentar, pois não posso intervir pelo garoto.
Continuo a caminhar e vejo algumas crianças na pracinha a brincar. Uma tem medo de andar de balanço, a outra quer empurrar, e entre vou ou não vou, ela decide arriscar e ambas continuam se divertindo...
Entre meu longo caminho continuo descrevendo inúmeras situações...
Já cansada de caminhar pego o caminho de volta e encontro o mesmo garoto que no início do caminho estava a me observar. Vejo-o agora jogando bola, feliz a vibrar. Ele faz um gol e me olha como soubesse que sobre este momento, um dia a história dele eu iria contar. É, garoto, você estava certo. Não é que o futuro, apesar de ser incerto, você cruzou o meu caminho e me lembrou de algo fundamental... Ser feliz com pequenas coisas, isso não tem igual!
O garoto que me olhava com um olhar atento não imaginava que em minha poesia seu nome veio parar. Gosto de escrever sobre pessoas simples que, assim como eu, gostam de observar.